Nos últimos tempos tenho aprendido muita coisa. Isto porque eu tinha um frasco. Um grande frasco. Tão simples quanto isso. E ao longo do tempo fui enchendo-o com areias:umas grandes, outras pequenas, e algumas quase que nem se viam. Os dias passavam e a cada um, eu deitava lá para dentro uma pedrinha que, como estava a magoar-me dentro do sapato, ia para junto das outras. E fechava o frasco.
Até que, há algum tempo atrás, a tampa deixou de encaixar porque o conteúdo daquilo (que parecia ser tão grande) já tinha atingido o limite. E foi então que me apercebi que não tinha mesmo ideia do que tinha andado a fazer. Decidi partir o frasco, o que me custou, e muito, porque era muito duro. As pedrinhas espalharam-se no chão de uma forma aleatória. Eram tantas, mas tantas...Senti-me perdida. Não sabia por onde começar...pelas grandes, pequenas...Uma coisa não podia fazer: ficar parada. Mas ao baixar-me para arrumar tudo, as pedras pareceram-me maiores e mais feias. Assustei-me e o meu corpo cansado caiu no chão. Não me levantei; as pernas tremiam, as lágrimas caiam. E quando estava mesmo à beira do precipício, eu vi que afinal não estava sozinha. Às vezes esquecemos-nos que temos sempre alguém ao nosso lado, e eu caí nessa armadilha falsa. Agora vejo a estúpida que fui em não olhar mais cedo à minha volta e ver que estava rodeada de sorrisos, abraços, amor, alegria. Simplesmente, amigos. Amigos. E amigos. Que me ajudaram a ver a vida de uma maneira muito diferente. Que me deram conselhos até dizer chega. Que me deram a mão e me ajudaram a levantar. Que me fizeram rir. Que me fizeram chorar. Que me fizeram acordar. Que me tornaram mais forte. Que me tiraram os medos. Que me deram asas para eu voar e ser feliz. Que não descansaram enquanto não dissesse "Estou bem". Mas olhem, eu estou bem. Sim, estou mesmo bem. As pedras já não me incomodam porque eu já não as guardo.
Felizmente.
Obrigada a todos.