quinta-feira, 23 de junho de 2011

"Não vás para longe. Cuidado com os tubarões"

Quantas vezes ouvi isto e quantas vezes fingi não ouvir. Quantas vezes pensei que ele estava a dizer um disparate pegado, quantas vezes não percebia, quantas vezes pensei que percebia e quantas vezes tentei perceber. Quantas vezes não dei importância, rindo-me, como se nada fosse. E quantas vezes disse "Mas papá, eu não vou ao mar agora!", inocentemente. Quantas vezes.
Mas agora, percebo. E talvez por só perceber agora é que sou eu a dizer-lhe isto. O pior é que ele não ouve. Nem que eu grite, nem que eu pegue num altifalante e me ponha no terraço mais alto que encontrar. Eu só quero que ele volte e me proteja como sempre protegeu, a maior parte das vezes sem eu reparar. Quero poder estar com ele sem ter de pensar no tempo que falta para ele ir embora, no tempo que depois vou ficar à espera ansiosamente no terminal do Aeroporto e no tempo que vou ficar a pensar no tempo. Sim, é tudo uma questão de tempo. E de força. Mas o tempo é demasiado e a força esgota-se rapidamente.
Talvez ironicamente, estejamos separados pelo mar, mas agora sou eu que te digo: tem cuidado com os tubarões.




Saudades.





P.S.: Volta depressa. De vez.

terça-feira, 6 de julho de 2010

A Walk to Remember


Era uma vez uma menina. Pequenina. Gostava de sonhos, viagens, pessoas, abraços, acreditava na amizade, no amor, na esperança, na felicidade. Sonhava em crescer um dia com alguém ao seu lado e ansiava pelo momento em que soubesse que ninguém a conseguia parar de viver a vida com satisfação e prazer. Confiava em quem confiava nela, e dava a mão apenas às pessoas que estendessem a sua. Esperava que algumas pessoas mudassem, porque tinha a certeza que toda a gente tinha um lado bom. Toda, sem excepção. E tinha razão. E a menina foi crescendo, devagarinho. Primeiro, ninguém reparava, mas depois as mudanças nela foram sendo cada vez mais perceptíveis. Um dia, pediram-lhe para a acompanhar por outro caminho, «parecido com o outro», diziam. Ela não quis. Mas um lindo sorriso convenceu-a. Como o passeio era menos inclinado, não se importou e seguiu em frente sem olhar para trás, no meio de brincadeiras e gargalhadas. Decidiu andar mais rápido e, de repente, estava sozinha. Sem ninguém, num sítio desconhecido. Ouvia vozes familiares ao longe, mas algo nelas era diferente. O céu escureceu e um arrepio percorreu-lhe o corpo. Tinha sido abandonada pelo lado bom que julgava que toda a gente tinha. Mas porquê? Porque lhe fizeram isto, sem avisar? E depois pensou «eles é que perdem, não eu» e, através de um atalho, chegou ao caminho anterior, sem problemas. E estenderam-lhe a mão, com toda a honestidade.
Cresceu mais uns centímetros nesse momento e sorriu à amizade que a rodeava.

sexta-feira, 11 de junho de 2010


Adoro estes dias. Aqueles em que consigo fazer tudo o que queria (e bem) e ainda tenho tempo de sobra para me distrair. Só eu, a minha guitarra e uma garrafa de Coca-Cola. Não há nada melhor do que saber que tenho todo o tempo do mundo para sonhar, cantar e sorrir. Nada melhor. E nada me estraga o dia a partir daquele momento.
À noite ainda tenho direito a assistir a um espectáculo fascinante. E só ali, no escuro, é que as vozes voltam. E sussuram-me coisas más ao ouvido. Mas eu não quero ouvir. Procuro uma mão para agarrar mas não há nenhuma. Espero pelo dia em que consiga sentir a tua mão na minha. E espero.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Obrigada

Nos últimos tempos tenho aprendido muita coisa. Isto porque eu tinha um frasco. Um grande frasco. Tão simples quanto isso. E ao longo do tempo fui enchendo-o com areias:umas grandes, outras pequenas, e algumas quase que nem se viam. Os dias passavam e a cada um, eu deitava lá para dentro uma pedrinha que, como estava a magoar-me dentro do sapato, ia para junto das outras. E fechava o frasco.
Até que, há algum tempo atrás, a tampa deixou de encaixar porque o conteúdo daquilo (que parecia ser tão grande) já tinha atingido o limite. E foi então que me apercebi que não tinha mesmo ideia do que tinha andado a fazer. Decidi partir o frasco, o que me custou, e muito, porque era muito duro. As pedrinhas espalharam-se no chão de uma forma aleatória. Eram tantas, mas tantas...Senti-me perdida. Não sabia por onde começar...pelas grandes, pequenas...Uma coisa não podia fazer: ficar parada. Mas ao baixar-me para arrumar tudo, as pedras pareceram-me maiores e mais feias. Assustei-me e o meu corpo cansado caiu no chão. Não me levantei; as pernas tremiam, as lágrimas caiam. E quando estava mesmo à beira do precipício, eu vi que afinal não estava sozinha. Às vezes esquecemos-nos que temos sempre alguém ao nosso lado, e eu caí nessa armadilha falsa. Agora vejo a estúpida que fui em não olhar mais cedo à minha volta e ver que estava rodeada de sorrisos, abraços, amor, alegria. Simplesmente, amigos. Amigos. E amigos. Que me ajudaram a ver a vida de uma maneira muito diferente. Que me deram conselhos até dizer chega. Que me deram a mão e me ajudaram a levantar. Que me fizeram rir. Que me fizeram chorar. Que me fizeram acordar. Que me tornaram mais forte. Que me tiraram os medos. Que me deram asas para eu voar e ser feliz. Que não descansaram enquanto não dissesse "Estou bem". Mas olhem, eu estou bem. Sim, estou mesmo bem. As pedras já não me incomodam porque eu já não as guardo.
Felizmente.



Obrigada a todos.

terça-feira, 9 de março de 2010

" Precisas de uma pedrinha no charco(...) "

domingo, 21 de fevereiro de 2010

...


É impressionante o efeito que o mar ou o rio tem em mim. Era capaz de ficar horas e horas a olhar para o movimento da água que nunca se cansa de se mexer. O ritmo das ondas tão certo como o meu respirar. O reflexo do sol na água obriga-me a franzir a testa e a fechar os olhos. Fico então a ouvir apenas o barulho das ondas. Começo a sentir areia debaixo dos meus dedos e coloco as mãos debaixo dela para sentir a sua frescura. Uma leve brisa corre no ar afastando os meus cabelos da cara. Sinto o chão a tremer. Rapidamente me apercebo que são passos. Pressinto alguém atrás de mim. Duas mãos tapam-me os olhos, ainda fechados. O meu coração está aos saltos. Uma voz familiar sussurra-me ao ouvido:
-Shh...sou só eu.
Assustada, abro os olhos repentinamente. Olho à minha volta; estava sozinha. A areia tinha desaparecido, assim como o sol brilhante. Tornei a olhar para a água.
Levantei-me, virei costas e caminhei em frente, sem qualquer tipo de destino.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Dúvida

A vida é feita de escolhas. Mas antes da escolha, há a dúvida. O problema é esse.

Depois de fazermos a nossa escolha, ficamos sempre a pensar: e se eu tivesse ido pelo outro caminho? Seria melhor? Teria sido realmente feliz? Ou será que fiz bem, e agora tudo na minha vida vai correr às mil maravilhas? Eis a resposta: nunca se sabe. A não ser que tivéssemos um super poder e pudéssemos voltar atrás no tempo várias vezes, nunca se pode saber o que podia ter acontecido.
Mas para quê pensar nos 'ses' quando o que interessa é o Presente? Pois, foi isso que eu aprendi hoje. Mais vale seguir o que sentimos e o que realmente ouvimos dentro de nós do que ser cuidadosos demais. Não temos nada a perder, pois não? Já perdemos alguma coisa para estarmos a fazer esta grande escolha, por isso só temos a ganhar. (falo por mim)






Uma coisa é certa:

Quem não arrisca não petisca.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Pausa

Teve de ser, não aguentei :')

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010


Afinal não era como eu pensava.











Lixei-me.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Coincidência ou...destino?

Já não é a primeira, segunda ou décima vez que isto me acontece. Na verdade, até já perdi a conta.
Não, não estou a falar daquelas alturas em que alguém diz a mesma palavra ao mesmo tempo que nós. Nem quando nos cruzamos várias vezes com a mesma imagem, o mesmo número, a mesma pessoa num dia. Há coisas muito mais fascinantes do que isso, que me aconteceram e acontecem muitas vezes. Aquelas coisas que me provocam um arrepio no corpo, que me fazem esboçar um sorriso, que me assustam repentinamente ou que me fazem ficar acordada uma noite inteira. Coisas que eu simplesmente não consigo explicar. Nem eu, nem ninguém.
É por isso que acredito que são meras coincidências e tento meter isso na minha cabeça cada vez que o tempo pára. Mas há sempre uma vozinha que me dá um empurrão e fala-me sobre o destino. Tapo os ouvidos. Não quero ouvir!




Então ela diz: "Everything happens for a reason"





Mas há uma parte de mim que quer acreditar, e muito.